Este estudo investiga o vocabulário dos instrumentos musicais nas línguas africanas bantu e sua relação com o português do Brasil. Nesse contexto, algumas questões norteiam a pesquisa: os tipos de temas bantu relacionados aos instrumentos musicais; os níveis, classes nominais predominantes e as motivações semânticas da maioria desses temas; as contribuições linguísticas à história do Brasil no que se refere às influências bantu no contexto dos instrumentos musicais; as regiões do domínio bantu onde se concentram os temas que correspondem aos bantuísmos brasileiros.
Para encontrar respostas, a tese apoiou-se numa coleta com mais de 5.700 dados lexicais e no método comparativo. Através destes, a pesquisa identificou vários temas e formas, alguns registrados no inventário de reconstruções bantu (BLR3) e outras novas propostas, à nível protobantu, regional e zonal, que deram origem a muitos bantuísmos brasileiros. O trabalho sistemático de comparação dos dados e a busca na literatura, à luz de alguns teóricos da musicologia, auxiliaram na identificação de algumas espécies de instrumentos musicais, bem como no direcionamento de algumas sugestões de origem.
De acordo com as análises e discussões linguísticas, a autora destaca alguns processos de criação lexical: derivação verbal (mais abrangente), motivada por ações particulares de toque do instrumento; derivação ideofônica (com característica onomatopaica), às vezes, com verbo intermediário, resultante de construções marcadas pelos morfemas verbalizadores -d-, -t-, -ng-; processo metonímico (evidenciando ampliação de sentido, especialização de sentido, matéria e objeto); processo metafórico (um caso particular).